Castles of Burgundy, The
The Castles of Burgundy
Stefan Feld
Já tenho pensado muitas vezes em escrever um review, pois passadas tantas horas a ler reviews feitos pelos outros, pareceu-me mais que justo que fosse a minha vez de contribuir.
O critério de escolha do jogo foi o seguinte: i) um jogo que tenho na minha colecção, ii) um jogo que já joguei vezes sem conta, e iii) um jogo de que gosto muito .
Assim, escolhi o título The Castles of Burgundy.
Há quem afirme que The Castles of Burgundy é a melhor criação do profícuo designer Stefan Feld. Não sei se será ou não, pois a concorrência é muito grande (Trajan, Luna, Macau, Notre Dame, etc. e mais uns quantos já deste ano – Bora Bora, Rialto, Brugge e Amerigo), mas no entanto estou certo que estes castelos já cativaram muitos gamers por esse mundo fora.
Número de jogadores: entre 2 e 4
Este jogo escala tão bem, que ainda estou para saber qual é o melhor número de jogadores. É um excelente jogo para dois, mas também brilha com três ou quatro jogadores.
No entanto, convém referir que com jogadores com tendência para o AP, o jogo a quatro pode demorar um pouco mais do que seria recomendável.
Interacção entre jogadores: pouca, a tender para nenhuma
Este jogo é um multiplayer solitaire, pois a interacção entre os jogadores é mínima.
Exceptuando alguma competição que poderá haver por algum tile específico (para benefício próprio ou para prejudicar o adversário), ou a corrida que existe para completar em primeiro lugar (ou em segundo) uma área de determinado tipo para ganhar alguma pontuação extra de bónus, pode-se jogar Castles of Burgundy ignorando por completo os oponentes.
Tempo de jogo: entre 20 e 30 minutos por jogador
Conhecendo as regras e estando familiarizado com os tiles, este jogo até pode ser bastante rápido, pois o planeamento de cada jogada pode ser feito em simultâneo pelos vários jogadores.
No entanto, quem tem tendência para o AP pode prolongar desnecessariamente o tempo de jogo, retirando assim o prazer do mesmo aos restantes jogadores.
Dependência de língua: nenhuma
A minha versão do jogo é a alemã e não sinto falta alguma da versão em inglês, pois até o livro de regras é multilingue (Inglês, Francês e Alemão).
Regras: O livro de regras é bom e tem ilustrações e exemplos muito práticos.
Após a primeira leitura das regras, não é necessário recorrer muitas mais vezes às mesmas, mas é de todo conveniente ter um player aid (disponível no BGG) para consultar as habilidades de cada tile de edifício ou de conhecimento.
Mecânicas: Dice Rolling, Set Collection e Tile Placement
É nas mecânicas de jogo que este jogo se eleva, pois as opções estratégicas são muitas e todas elas muito bem balanceadas, mas tendo sempre em atenção as oportunidades tácticas que surgem ao rolar dos dados. Cada jogo pode e deve ser jogado de uma forma diferente do anterior, até porque há 6 tabuleiros duplos para utilizar (mais 4 tabuleiros duplos distribuídos na publicação da Spielbox de Maio de 2011), cada um com as suas características.
Em The Castles of Burgundy cada jogador desenvolve o seu território através da construção de castelos e edifícios, criando animais, explorando minas, vendendo bens, explorando adequadamente os transportes fluviais e obtendo conhecimentos que permitam habilidades únicas (isto visto assim, até parece que tem tema …).
O jogo é composto por 25 turnos divididos por 5 fases. Em cada fase joga-se 5 turnos e no início de cada fase faz-se o setup do tabuleiro principal – tiles, mais tiles e ainda mais tiles.
O setup inicial e o setup no início de cada fase é um dos principais problemas deste jogo, pois é muito demorado e muito chato.
Cada turno é jogado da seguinte forma:
Os jogadores rolam dois D6 e, de acordo com os resultados, podem utilizar os dados numa das seguintes quatro formas:
1) Retirar um tile do tabuleiro principal e colocar num dos três espaços de reserva no tabuleiro pessoal.
2) Retirar um tile do espaço de reserva do tabuleiro pessoal e coloca-lo no mapa do seu território, respeitando as seguintes regras:
- o tile deve ser colocado no mesmo número do dado;
- o tile deve ser colocado numa área da mesma cor que o próprio tile;
- o tile deve ficar adjacente a outro tile já previamente colocada;
- não pode haver edifícios repetidos na mesma região.
3) Abdicar de um dado para receber dois trabalhadores.
4) Vender todas as mercadorias de um único tipo e receber 2/3/4 VP’s por tile, e uma moeda de prata, independentemente do número de mercadorias vendidas.
Ainda no seu turno e apenas uma vez por turno, o jogador pode gastar duas moedas para comprar um tile da parte central do tabuleiro.
Quando os dados não ajudam, a utilização de cada trabalhador permite alterar o resultado de um dado em +1/-1, o que mitiga bastante o factor sorte.
Sempre que o jogador coloque um tile no mapa do seu território terá um benefício, nomeadamente:
- Castelos: servem para efectuar uma acção adicional de dado com número à escolha.
- Minas: servem para arrecadar dinheiro. No início de cada fase recebe-se uma moeda por cada mina.
- Barcos: servem para recolher bens para mais tarde vender e em simultâneo servem também para avançar na ordem de turno.
- Animais: servem para marca pontos de acordo com a quantidade de animais que houver no tile, no entanto se já houver outro tile com o mesmo tipo de animal na mesma região, a marcação dos pontos ocorre de novo.
- Edifícios: existem 8 tipos de edifícios, cada um com a sua habilidade, mas todos eles muito importantes para o desenrolar do jogo.
- Conhecimento: existem diversos tipos de conhecimento, que podem essencialmente dividir-se em dois tipos, aqueles que ajudam durante o jogo mas que não dão pontos e aqueles que só servem para potenciar a pontuação no final do jogo.
Durante o jogo há várias formas de pontuar e o difícil é lembrar-nos de marcar os nossos pontos, algo tão típico de Stefan Feld:
1) Sempre que se completa uma região é efectuado o scoring dessa região, considerando a fase do jogo e o tamanho da região completa.
Fase do jogo
1ª fase - 10 VP’s; 2ª fase - 8 VP’s; 3ª fase - 6 VP’s; 4ª fase - 4 VP’s; 5ª fase - 2 VP’s
Tamanho da região
1 - 1 VP; 2 - 3 VP’s; 3 - 6 VP’s; 4 - 10 VP’s; 5 - 15 VP’s; 6 - 20 VP’s; 7 - 28 VP’s; 8 - 36 VP’s
2) O 1º jogador a completar todos os espaços de um mesmo tipo ganha pontuação extra que varia de acordo com o número de jogadores (7/5/4 VP’s) e o 2º jogador a completar todos os espaços de um mesmo tipo ganha (4/3/2 VP’s).
3) Através da colocação de tiles de animais.
4) Através da colocação de tiles de conhecimento.
Tema: o tema está colado, coladíssimo!
Na minha opinião, se trocasse-mos os Castelos da Borgonha por Montes no Alentejo, não haveria diferença nenhuma, pois este jogo continuaria a ser muito bom, pois as suas mecânicas, a forma como estão balanceadas e as várias estratégias possíveis são o que nos fazem querer voltar a jogar.
A minha opinião
The Castles of Burgundy é um excelente jogo e é indispensável na colecção de qualquer eurogamer, no entanto, é certo que quem procura tema e ambiente vai apanhar uma valente desilusão, ou não fosse o seu designer o Stefan Feld.
O que eu gosto:
- Tem mecânicas simples, sem ser simplista.
- Tem dados , mas tem sorte só quanto baste.
- É bastante estratégico e também tem importantes decisões tácticas.
- É diversificado, no sentido em que tem muitos caminhos diferentes para atingir a vitória.
- É excelente, independentemente do número de jogadores. É tão bom com dois, como com três ou quatro jogadores.
- É simplesmente lindo encadear várias acções num só turno, maximizando cada uma das acções possíveis, parecendo que estamos a jogar com quatro ou cinco dados e não apenas com dois.
O que eu não gosto:
- O tema é muito fraco, diria mesmo que é quase um abstracto.
- O setup é chato e moroso.
- Os componentes são de fraca qualidade.
- Com jogadores com tendência para o AP, o jogo a quatro pode demorar mais do que seria recomendável.
Obrigado pela leitura !
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- 3125 leituras
The Castles of Burgundy
em Terça, 23/04/2013 - 17:40
Para mim, do Feld, primeiro está o Year of the Dragon devido à sua interacção e a ser um jogo bastante apertado. Gosto muito. Também gosto muito do Burgundy mas para mim peca pela pouca interação que tem.
... e já agora, parabéns pelo artigo.
Que venha o próximo!
.... entretanto. do Feld, já
em Sexta, 26/04/2013 - 23:55
.... entretanto. do Feld, já joguei o Rialto e o Bora Bora. Rialto, jogo simples mas com uma mecanicas interessantes; Bora Bora, jogo com muitaaaaaas opções e que, talvez com o adiantado da hora em que foi jogado, acabou por demorar muitoooo tempo. No entanto, qualquer um dos dois é para repetir!
Vamos ver que tal serão o Brugge e Amerigo
Boa review...
em Terça, 23/04/2013 - 17:58
Boa review.
Só joguei este uma vez. Dos mais recentes Feld que joguei foi talvez o que gostei mais. O Luna foi um pouco aborrecido, o Trajan é demasiado confuso e retorcido...
Além disso, ganhei logo na primeira partida e com a possibilidades de dizer "Ganha-se é com as galinhas", o que é sempre bom...
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Não me irrita perder porque cada derrota ensina algo e torna a próxima vitória mais gratificante.
Boa review
em Terça, 23/04/2013 - 19:19
Joguei pela primeira vez este jogo na semana passada e gostei bastante. É seguramente um dos melhores Feld's.
Eu pessoalmente continuo a achar o Notre Dame como o seu melhor jogo, mas ele há outros bons.
Confesso que começo a ficar um pouco farto com a secura e a superintricada mecanização dos seus jogos...
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"The only way to achieve the impossible is to believe it is possible."
Lewis Carroll in Alice in Wonderland
Boa!
em Quarta, 24/04/2013 - 11:28
Grande Rafa,
Estás feito um Geek completo!
Parabéns!
Jogatinas: